O dono deixou o cachorro na margem, mas o cão leal o alcançou no mar e salvou sua vida.
Esta incrível história de coragem canina e devoção ao ser humano começou em um navio que partiu de um porto inglês com destino às costas da América do Norte. A bordo, na ninhada de um Terra Nova do navio, nasceu um belo filhote. Um jovem marinheiro chamado Lancaster se afeiçoou imediatamente a ele e decidiu levá-lo consigo quando o navio ancorou nas costas da América do Norte.
O marinheiro chamou o filhote de Bob. Enquanto o navio permanecia ancorado, Lancaster e Bob forjaram uma amizade tão forte quanto só pode existir entre um humano e um cachorro. Frequentemente nadavam juntos no mar, já que Bob havia nascido no mar e se sentia maravilhosamente à vontade na água devido à sua raça.
Cinco meses depois, o navio deveria retornar à Inglaterra. Lancaster e Bob embarcaram como era devido, e tudo estava indo perfeitamente até que o capitão viu o Terra Nova adulto no navio. Por alguma razão, ele se enfureceu e ordenou que deixassem o cão em terra.
Lancaster teve que obedecer à ordem e deixou Bob com um amigo local. Lágrimas encheram os olhos do marinheiro enquanto ele beijava o focinho molhado de Bob e acariciava sua orelha, prometendo voltar por ele em um ano.
Durante todo o tempo em que o navio se afastava, Bob corria desesperadamente pela praia, chamando seu dono. Lancaster se trancou no navio e chorou, seu coração despedaçado pela separação de seu inteligente e leal cão.
Imagine a surpresa geral quando, no dia seguinte, um dos marinheiros avistou um ponto se movendo à distância atrás do navio.
Era Bob. Em vez de esperar por seu dono na costa, ele havia decidido nadar atrás do navio, tentando alcançá-lo. Já havia passado um dia inteiro nadando atrás do navio e, obviamente, suas forças estavam se esgotando.
Mas o capitão foi novamente categórico: nenhum cão a bordo. Quando Lancaster soube da ordem do capitão, caiu em desespero e quis se lançar na água atrás de Bob. Mas amarraram-no com uma corda e o mantiveram para evitar que o fizesse. A angústia do marinheiro era interminável.

Só quando Bob, já exausto, estava imóvel sobre a água com os olhos fechados, o capitão se compadeceu dele e ordenou que o subissem a bordo.
Por quase um mês, o marinheiro cuidou de seu amigo peludo. Bob havia esgotado todas as suas forças tentando alcançar o navio, lutando contra as ondas frias do mar e o vento. Agora, Lancaster fazia todo o possível para devolver a Bob sua forma e recuperar sua saúde e bom ânimo.
Tão logo Bob voltou a ficar de pé e um pouco mais animado, ocorreu outro desastre.
O navio foi apanhado em uma terrível tempestade e colidiu contra um recife, pouco antes de chegar às costas da Inglaterra. Durante o naufrágio, Bob agarrou seu dono pelas roupas com os dentes e saltou com ele pela borda. Uma onda os afastou do navio que afundava, sob cujos destroços pereceu quase toda a tripulação, incluindo o capitão.
O mar e Bob conseguiram salvar o marinheiro, já que Bob, por alguma razão, sabia exatamente para onde nadar. Durante quase cinco quilômetros, ele puxou seu dono através da tempestade até a salvadora costa. Levou o exausto Lancaster até as rochas.

O marinheiro estava completamente extenuado, mas precisava sair da zona da maré crescente. E então o marinheiro olhou nos olhos de seu cão e mentalmente pediu para que ele encontrasse e trouxesse ajuda humana. Bob entendeu sem palavras e se apressou para cumprir o pedido de seu dono.
Já era noite, e o cão teve que acordar com um uivo desesperado os donos da primeira casa que encontrou na costa. Um velho fazendeiro saiu ao encontro desses gritos e Bob começou a lamber suas mãos e a puxá-lo em direção ao mar. Conseguiu convencer o fazendeiro a segui-lo: pelo comportamento do cachorro, ele compreendeu que era um chamado desesperado por ajuda. Acordou seu filho, e juntos seguiram o cachorro em direção ao mar.
Quando a “brigada de resgate”, liderada por Bob, chegou ao local, o marinheiro já estava inconsciente e havia sido arrastado para longe da costa. As pessoas não entendiam a quem deveriam resgatar, pois Lancaster havia desaparecido de vista.
Então o cachorro arrancou das mãos do fazendeiro a ponta de uma corda que este havia levado por precaução, e lançou-se na tempestade em busca de seu quase afogado dono, que naquele momento já não podia nem nadar nem manter-se à tona.
Bob conseguiu encontrá-lo, reanimá-lo e ajudá-lo a amarrar a corda que o ligava ao resgate. Bob ajudou a levá-lo até a costa, mantendo-o à tona enquanto o fazendeiro e seu filho puxavam a corda.
Assim, graças ao esforço conjunto e à lealdade canina de Bob, conseguiram salvar o marinheiro Lancaster do limiar da morte.

Mas a sombra do destino alcançou o marinheiro oito meses depois, já em outro navio rumo à América com Bob a bordo. Uma tempestade afundou o navio junto com toda a tripulação. Desta vez, nosso valente Terra Nova não pôde salvar seu dono e, nesta tragédia, Bob foi o único sobrevivente. De alguma forma, alcançou a costa, onde foi encontrado ao amanhecer após a tempestade por alguns pescadores, com as patas quebradas e mal vivo.
Cuidaram dele até que pudesse voltar a ficar de pé (ou melhor, em suas patas), mas ninguém pôde devolver-lhe a paz interior. Bob ia todos os dias à costa, correndo de um lado para outro, olhando ansiosamente para o horizonte do mar, latindo e uivando.

Bob se lançava em cada pequeno barco pesqueiro que chegava, examinando-o como se esperasse encontrar seu dono. Ele escutava atentamente as conversas das pessoas, como se tentasse captar alguma notícia ou talvez ouvir a voz ou o nome de seu dono. E quando Bob compreendeu que ali já não poderia esperar por seu dono, ele empreendeu uma corrida de quase um ano ao longo da costa na esperança de encontrar seu dono em algum lugar. O coração de Bob pertencia para sempre ao marinheiro Lancaster, que, infelizmente, já não estava entre os vivos.