Animais de estimação

Resgate de um cachorrinho na loja

Em frente a uma loja de alimentos, um homem viu um cachorrinho amarrado. Ele parou para observá-lo.

O cachorrinho olhava para a porta com saudade, ignorando os transeuntes. Talvez pensasse que o tinham deixado ali para sempre.

O homem observou: “É ela ou não é?”

Não pôde se conter, aproximou-se e disse em voz alta o nome: “Juchka?” O cachorro abanou o rabo, pulou de alegria e começou a latir alto.

O latido sonoro, às vezes, transformava-se em um gemido fraco, parecia que o animal chorava.

Desamarrou o cachorro, pegou-o no colo, e ele imediatamente começou a lamber o rosto do homem, movendo-se com tanta emoção que era difícil segurá-lo.

De canto de olho, notou que sua ex-sogra apareceu na porta, viu o que acontecia e rapidamente se escondeu atrás da esquina. Achando que ninguém a via, espiou com seu gorro peludo e marrom: o que aconteceria a seguir?

Mas ele viu claramente que estavam sendo observados.

A ex-sogra não deixava sua posição – esperava. Ficava claro que ela não estava interessada no cachorro. Precisava se certificar de que o homem não abandonaria o animal na rua.

E não o deixou, disse com entusiasmo: “Vamos para casa, Juchka!”

Juchka não resistiu e corria ao lado de seu velho e querido dono. Justo ao lado, para não ser devolvida ao lugar onde não queria viver.

Chegaram à esquina, e o homem se virou para ver que a ex-sogra com o gorro peludo caminhava tranquilamente e logo se confundia entre a multidão.

Chegaram, subiram ao sétimo andar e entraram no apartamento. Juchka se sentou insegura, como se estivesse envergonhada de entrar no cômodo.

O homem abriu a torneira no banheiro, deixou a água morna correr e preparou uma toalha velha. O cachorrinho lembrou-se de tudo: que devia pular em seus braços para lavar suas patas. Na banheira mexia o focinho tentando pegar o jato de água.

Pisoteou a toalha com suas quatro patas e só depois foi para o quarto.

A primeira coisa que fez foi explorar com o nariz o novo lar. Depois de se certificar de que o cheiro do dono estava por toda parte, acalmou-se, mas não parou quieta por muito tempo.

O homem caminhava pelo quarto, e ela o seguia sem se afastar: “Aqui estou, vê que estou aqui? Não vai me deixar amarrada na loja? Não vai me deixar? Olha, para que eu possa ficar tranquila”.

Sentou-se perto, acariciou-lhe a cabeça e as costas, e disse: “Lembre-se, por favor, nunca vou te trair. Ouviu? Não vou te trair. Vamos viver juntos”.

Agradecida, a cauda abanou e um sorriso canino largo se formou.

O dono voltou a falar: “Que bobos somos você e eu, ai, que bobos. Lavamos suas patas, mas devemos ir comprar comida, não é, Juchka? Você está com fome”.

Outra vez a cauda para a direita e para a esquerda: entendo tudo, claro, somos uns bobos.

Teve que se vestir e sair para a loja. Para que o cachorrinho não se assustasse, tomou-o nos braços e assim entrou. Compraram comida e voltaram para casa.

Caiu a noite. Estavam deitados no sofá, Juchka se aninhou ao lado de seu dono com seu pequeno corpo, respirando com calma e tranquilidade. E ele pensava: “Veja como foi. Juntos novamente”.

A Juchka foi recolhida quando ainda era um filhote desajeitado. A escolheram junto com a esposa. Dos quatro filhotes, essa foi a que gostaram instantaneamente.

A sogra reclamava que não suportava cachorros, temia alergias.

A esposa e a sogra iam trabalhar, enquanto ele ficava em casa com o cachorro, que chamaram de Juchka. Trabalhava na Internet e ganhava bem. A família vivia em paz e harmonia.

Mas o relacionamento entre os cônjuges começou a esfriar. Talvez nunca tenha havido amor. Pouco mais de meio ano depois de se casarem, a esposa disse que tinha se enganado: “Conheci outra pessoa e senti que me apaixonei. É melhor que você vá embora”.

Quando arrumava as malas, o cachorro rodopiava por perto, sentindo a iminente separação. Acariciou-o pela última vez e fechou a porta para sempre.

Primeiro viveu com a mãe, mas não por muito tempo: a renda permitiu-lhe fazer um empréstimo e mudar-se para um pequeno apartamento.

De dia no computador, à noite passeios solitários – assim viveu. E não estava triste, nem sua alma estava melancólica. De algum lugar tinha a crença de que na sua vida apareceria a alegria. E não só uma. Era preciso esperar com paciência e não apressar os acontecimentos.

E aqui está a primeira alegria: apareceu Juchka. Pequena e adorável, em seus leais olhinhos de cachorro – um amor imenso.

A esposa foi embora com outro homem, e ele não precisava do cachorro. Por alguma razão sentia um ódio inexplicável por ela e tentava chutá-la, feri-la, machucá-la.

E vivia a pobre Juchka com a mulher mais velha, que também não a queria. Talvez a tivesse expulsado, mas temia a ira de sua filha. E então, um golpe de sorte inesperado: o ex-genro pegou-a nos braços e está feliz. Portanto, que aproveite. Para se certificar de que tudo estava bem, olhou várias vezes da esquina e depois caminhou confiante para uma casa onde não havia um cachorro que odiava.

Deitados o homem e o cachorrinho no sofá. O animal dormia, o homem não conseguia dormir. Colocou a mão sobre o flanco peludo e quente e pensou: “Juchka está comigo, e a casa se sente mais acolhedora, como se tivesse encontrado sua alma”.

Juchka parecia estar pavimentando o caminho para a próxima alegria: em breve chegará uma mulher em seu lar – de baixa estatura, magra, com olhos expressivos e mãos gentis.

Claro, o cachorrinho também a amará, mas não tanto quanto o homem. Ele nem é um homem, não é uma pessoa – não. Ele é um deus canino, digno de admiração e adoração.

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